sexta-feira, 27 de março de 2015

A cor

saudade é um compasso silencioso em sua constância as vezes dói, as vezes sonha não tem remédio que amenize porque saudade é árvore cortada não tem galhos, nem nada não dá frutos, espalha suas raízes fincadas na terra que não é de mais ninguém quem sabe a cor que a saudade tem?

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Quem "mandô"?

Dei meia volta e esperei
Esse tempo virar
Sai na chuva e molhei
Quem "mandô" esperar?
Se correr, vossuncê
Se pra crer tem que ver
Essa rua alagar?
Eu falei só ventou
Eu gritei trovejou
Demorei pra raiar
Lá no meu caricó
Canta uma nota só
A que eu quiser cantar
E você, tome tento?
Tome estrada pra dentro
Até evaporar.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Expectativa Viva

São as horas mortas que me aproximam de você
É no céu da boca que você me venta
E no esôfago que a vida me arrebenta
De nuvem em cima que meu chão se abre
E eu me afundo de tanto andar em círculos
Me afogo com a calmaria do mar
E me acalmo quando estou me afogando
Pra não morrer de tédio, eu desando
Soco o vazio e finjo sentir dor nas mãos
Corro feito louca e depois faço hora com a sobra
Sobro eu pra mim quando não controlo o agora
Disfarço a arritmia acelerando todo tanto
Tudo quanto dentro, atento a prece
Nesse compasso doí menos, adormece
A expectativa viva, de tanto comer, cresce
Eu me acabo de tanto começar e recomeçar
Me invado com minhas próprias mentiras
Me conto um segredo depois de acordar
Reflito sobre os meus atos, me culpo, me bato
Me mordo todo santo dia, pra depois assoprar
O mundo é que não me passa a mão na cabeça
Só escancara meu medo, deixa aporta aberta
O som ligado, a bica pingando e a luz acesa
O meu descaso com o peso do atraso de não viver
A guerra que a minha falta de compromisso traz
O que eu faço comigo, nem inimigo faz
Me aproximo de você, sabendo que vou sofrer
Me afasto mesmo sabendo que sofro ainda mais.

Bicho nu

Tem horas que o bicho tá solto no mundo
Só, nu, de olhos vendados e mãos amarradas pra trás.
A vida vem, gira, da três tampinhas nas costas
Um empurrão e grita:
- Vai, mas vai sozinha.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

O Peso Do Não Sentir

Eu cá com meus botões
Penso no que ainda me falta
Ainda sofro do medo de escuro
Ainda curo uma ressaca com outra
As vezes, por prazer, nem curo
Sinto o peso de não sentir
Percebo o sopro dos anos
Quando reconheço um traço profundo
No canto esquerdo de meus lábios
Ontem, testemunhava um sorriso
Hoje, a força do hábito

Partida

É hora de partir sem pressa
Dos dias em que fui tão seu
Acalmo o passo
Disfarço um tanto
Fica um pouco mais?
Meu amor,
Deu-se o tempo de voltar atrás
Refaço o meu andar
Sorrindo sem querer
Te fiz um cafuné
Pensando em esquecer
Já nem sei se basta
O que nos afasta agora
É tarde, ou tanto faz?
Meu amor,
Deu-se o tempo de voltar atrás

terça-feira, 4 de junho de 2013

Equívoco

Eu vou te apagar da minha vida, apagar do meu corpo os enganos. Como se apaga um recado de geladeira da semana passada. Como se apaga do marinheiro o porto quando deixa o cais. Como apagam-se as pegadas com as ondas, como se apaga a lousa no fim da aula. Como desfazem-se os nós do cabelo depois do banho e do pente. Vou te diluir nas minhas ideias até que elas se tornem translúcidas outra vez . Dissolver toda essa amargura dentro de um copo desmedido de hombridade. Dentro da minha coragem de gritar o amor, mesmo sabendo que foi o equívoco que me sobrou quando desaprendi a me defender de você.