segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Quem "mandô"?

Dei meia volta e esperei
Esse tempo virar
Sai na chuva e molhei
Quem "mandô" esperar?
Se correr, vossuncê
Se pra crer tem que ver
Essa rua alagar?
Eu falei só ventou
Eu gritei trovejou
Demorei pra raiar
Lá no meu caricó
Canta uma nota só
A que eu quiser cantar
E você, tome tento?
Tome estrada pra dentro
Até evaporar.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Expectativa Viva

São as horas mortas que me aproximam de você
É no céu da boca que você me venta
E no esôfago que a vida me arrebenta
De nuvem em cima que meu chão se abre
E eu me afundo de tanto andar em círculos
Me afogo com a calmaria do mar
E me acalmo quando estou me afogando
Pra não morrer de tédio, eu desando
Soco o vazio e finjo sentir dor nas mãos
Corro feito louca e depois faço hora com a sobra
Sobro eu pra mim quando não controlo o agora
Disfarço a arritmia acelerando todo tanto
Tudo quanto dentro, atento a prece
Nesse compasso doí menos, adormece
A expectativa viva, de tanto comer, cresce
Eu me acabo de tanto começar e recomeçar
Me invado com minhas próprias mentiras
Me conto um segredo depois de acordar
Reflito sobre os meus atos, me culpo, me bato
Me mordo todo santo dia, pra depois assoprar
O mundo é que não me passa a mão na cabeça
Só escancara meu medo, deixa aporta aberta
O som ligado, a bica pingando e a luz acesa
O meu descaso com o peso do atraso de não viver
A guerra que a minha falta de compromisso traz
O que eu faço comigo, nem inimigo faz
Me aproximo de você, sabendo que vou sofrer
Me afasto mesmo sabendo que sofro ainda mais.

Bicho nu

Tem horas que o bicho tá solto no mundo
Só, nu, de olhos vendados e mãos amarradas pra trás.
A vida vem, gira, da três tampinhas nas costas
Um empurrão e grita:
- Vai, mas vai sozinha.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

O Peso Do Não Sentir

Eu cá com meus botões
Penso no que ainda me falta
Ainda sofro do medo de escuro
Ainda curo uma ressaca com outra
As vezes, por prazer, nem curo
Sinto o peso de não sentir
Percebo o sopro dos anos
Quando reconheço um traço profundo
No canto esquerdo de meus lábios
Ontem, testemunhava um sorriso
Hoje, a força do hábito

Partida

É hora de partir sem pressa
Dos dias em que fui tão seu
Acalmo o passo
Disfarço um tanto
Fica um pouco mais?
Meu amor,
Deu-se o tempo de voltar atrás
Refaço o meu andar
Sorrindo sem querer
Te fiz um cafuné
Pensando em esquecer
Já nem sei se basta
O que nos afasta agora
É tarde, ou tanto faz?
Meu amor,
Deu-se o tempo de voltar atrás