quinta-feira, 20 de maio de 2010

ruido

ouvi um ruido leve, quase imperceptível
procurei pela casa inteira
sabia que enquanto não encontrasse
não conseguiria dormir
passei a noite em silêncio
como andava passando também os dias
vasculhei meus pertences
arrombei meu próprio diário
li bilhetes, cartas, numeros do meu próprio telefone
anotado em guardanapos de bar, vi tudo...
tudo aquilo que nunca entreguei a seus donos
talvez jamais terei o prazer de entregar
uns ficaram pra trás
outros ultrapassaram o limite e passaram
feito foguete ligeiro por cima de mim
tantos motivos, desculpas, lembranças
até que finalmente o ruido voltou
não havia mais onde procurar
além de aqui dentro
encontrei tanta coisa trancada
os ruidos eram gritos inquietos, saudades, fraquezas
que meu ego fazia questão de esconder
escondia de todos, de tudo
e hoje, só hoje percebi que me escondia até de mim.

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